A Colheita Tardia ou Late Harvest é um termo amplamente utilizado no mundo dos vinhos para descrever um método de produção específico, no qual as uvas são colhidas mais tarde do que o costume, ou seja, são uvas que são propositalmente deixadas nas videiras, geralmente por várias semanas após a colheita normal. Esta técnica resulta em vinhos com características únicas e distintas, que oferecem uma experiência sensorial muito diferenciada aos apreciadores.
De facto, a colheita tardia é uma estratégia utilizada pelos produtores de vinho para criar vinhos doces, fortificados, ricos em sabor e complexos. Geralmente, as uvas destinadas a essa colheita são deixadas nas vinhas por um período mais longo, sendo colhidas, por exemplo, em novembro ou dezembro, além do seu ponto de maturação normal. Tal fator ocorre porque durante esse tempo adicional, as uvas acumulam mais açúcar e por isso, desenvolvem características únicas. Este processo, então, designa-se por ser a desidratação do bago da uva. De modo geral, o momento ideal para a colheita tardia irá depender do tipo da uva e das condições climáticas da região em que estas estão a ser cultivadas. Geralmente, as uvas são deixadas na videira até que alcancem as características desejadas, que pode variar consoante o estilo do vinho a ser produzido.
Uma das principais influências na colheita tardia é a ação do fungo “Botrytis cinérea”, conhecido como “podridão nobre”. Em determinados climas, principalmente nos mais húmidos, este fungo pode desenvolver-se sobre as uvas, perfurando as suas peles e permitindo que a água evapore, concentrando ainda mais os açucares e os sabores. A presença deste fungo caracteriza-se por garantir aos vinhos uma maior complexidade, com notas de mel, flores e frutas cristalizadas, por exemplo. Por este fator, os vinhos produzidos a partir de uma colheita tardia são normalmente classificados como ótimos vinhos para acompanhar sobremesas ou vinhos para provas.
Em relação aos métodos de vinificação, a colheita tardia envolve uma seleção criteriosa das uvas, garantindo que apenas as melhores e mais saudáveis sejam utilizadas. Após a colheita, as uvas são prensadas suavemente para que todo o sumo doce concentrado seja extraído e posteriormente fermentado. Durante a fermentação, é importante que este processo seja interrompido antes de todo o açúcar ser convertido em álcool, a fim de manter a doçura característica do vinho. Além de também serem bons aliados do tempo, estes vinhos devem ser consumidos frescos, geralmente entre os 10ºC e os 12ºC, para uma melhor experiência.
O nosso protagonista neste contexto é o Pacheca Colheita Tardia, um vinho DOC do Douro produzido a partir da vinificação da casta Sémillon colhida em condições de sobrematuração e podridão. Este vinho branco tardio, com cor excecionalmente vibrante, apresenta aromas com notas de mel e frutos secos, bem como uma leve acidez. Na boca, a combinação entre o doce e a acidez encontram-se em perfeita harmonia, fazendo deste um verdadeiro néctar tardio do Douro!
A colheita tardia é, então, uma prática cuidadosa e meticulosa, que requer conhecimentos e experiência dos produtores de vinho para alcançar os melhores resultados. Ter a oportunidade de apreciar um vinho colhido tardiamente é descobrir um processo único e que oferece um ótimo equilíbrio entre a doçura, a acidez e a complexidade de sabores, tornando-se, de facto, uma escolha perfeita para os momentos especiais e ainda melhores quando harmonizados com sobremesas requintadas.