O mundo dos vinhos é repleto de diversidade e paixão, onde cada garrafa é a tradução de uma história contada pelo solo, pelas castas e pelas mãos dos que ali trabalharam para dar vida aos melhores vinhos. Neste contexto, as castas desempenham um papel fundamental na definição do caráter e da qualidade de cada vinho, expressando, cada uma, as suas particularidades de forma singular.
Numa viagem por sabores e aromas elegantes, surgem duas castas que despertam o interesse e a curiosidade, a Touriga Nacional e a Touriga Franca. Embora partilhem semelhanças, estas variedades de uvas têm características únicas que moldam os vinhos de maneiras distintas.
A Touriga Nacional é considerada a casta rainha de Portugal, destacando-se pela sua nobreza, complexidade aromática e ótimo potencial de envelhecimento. De origem no Dão e atualmente espalhada pelos mais diversos terroirs do país, a Touriga Nacional encontrou o seu lar definitivo no majestoso Vale do Douro. Apesar de ser uma casta 100% portuguesa, a Touriga Nacional é também cultivada em diversos países como o Brasil, Argentina, Espanha e Nova Zelândia. O que a distingue das outras castas é a sua exuberante intensidade aromática, que muitas das vezes apresenta notas de violeta, frutos silvestres e especiarias. Além deste potencial, a Touriga Nacional é reconhecida pela sua estrutura firme de taninos, conferindo aos vinhos uma longevidade admirável. As uvas da Touriga Nacional são, também, utilizadas para a produção de Vinhos do Porto, permitindo que os Portos Vintage, por exemplo, evoluam bem com o passar dos anos.
Por sua vez, a Touriga Franca (ou Francesa) possui, igualmente, um lugar de destaque na viticultura portuguesa. Diferente do que muitos acreditam, esta uva não é de origem francesa, mas sim de Portugal, sendo frequentemente associada à região do Douro. Esta casta é muito cobiçada pela sua incrível versatilidade e contribuição para a suavidade dos vinhos do Porto e de mesa. A Touriga Franca oferece aos seus vinhos notas que vão desde frutos vermelhos maduros até delicados toques florais de rosas e de especiarias suaves. O fator principal que a diferencia das restantes castas é a sua maturação precoce, sendo especialmente valiosa em regiões em que o clima, por exemplo, pode ser desafiador.
Vemos assim diferenças entre estas duas castas portuguesas, destacando-se três principais: o perfil aromático, a estrutura de taninos e a maturação. Enquanto a Touriga Nacional é marcada por aromas intensos e profundos, a Touriga Franca tende a exibir perfis mais suaves e delicados, embora também apresente, em alguns vinhos, uma estrutura mais firme, tornando-a ideal para blends. Além disso, outra diferença marcante centra-se no facto de a Touriga Nacional apresentar taninos robustos, conferindo um corpo denso e um ótimo potencial de envelhecimento aos seus vinhos. Em contrapartida, a Touriga Franca oferece taninos bem equilibrados e, de certo modo, menos intensos. A maturação também é um fator que diferencia estas duas castas, uma vez que, pelo facto de a Touriga Franca apresentar uma maturação precoce em relação a Touriga Nacional, esta permite a produção de vinhos mais equilibrados.
Em muitos casos, a união destas duas uvas revelou-se um sucesso. Combinar a sofisticação da Touriga Franca com a nobreza da Touriga Nacional, pode fazer surgir verdadeiras obras de arte, complexas e atraentes que harmonizam potência e suavidade em perfeito equilíbrio. O Pacheca Vale de Abraão é o exemplo ideal. Este nobre vinho, obtido a partir de uvas das castas Touriga Franca e Touriga Nacional, apresenta uma cor violeta profunda, bem como aromas frutados com notas evidentes de fruta preta madura, como mirtilo e groselha preta. No paladar, apresenta ótima frescura e final muito persistente, perfeito para brindar aos momentos especiais da vida.
Está preparado para descobrir esta riqueza do Douro?!